sábado, 30 de janeiro de 2010

Há momentos

Conheci Clarice Lispector,melhor dizendo a sua obra quando estava na faculdade,de lá para cá ela me encanta a cada dia mais e mais com a sua sensibilidade e o seu conhecimento profundo da alma humana,leio,releio a sua obra e não me canso,mulher encantadora que soube viver intensamente, deprimida,coberta de excessos, mas única.


Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector

domingo, 24 de janeiro de 2010

Domingo em família

Domingo é sempre um dia gostoso.A família se reune para bater papo,para falar da semana,para colocar os "causos" em dia.Cada hora chega um,abraços,carinhos, sempre são bem vindos.A dúvida da dona da casa é o que fazer para o almoço,são dadas várias sugestões mas no final o prato vencedor é sempre o mesmo ou é frango/quiabo/angú ou é o tropeiro e de sobremesa tem queijo minas com docê de leite,arroz docê, goiabada cascão,pé de moleque(caseiro, daqueles de cortar no próprio tabuleiro).Que delícia de domingo!Mas antes do almoço sempre tem um tira gosto(esses são variados) e uma cervejinha .Chegada a hora de almoçar cada um pega o seu prato e "sirvam-se á vontade" é a frase da dona da casa.Hora abençoada e entre uma garfada e outra o papo continua.Depois é hora de descansar,curtir a "preguiça" que o domingo nos oferece, esse descanço é na rede ou no sofá.Que delícia de domingo! A hora vai passando e quando você pensa que acabou lá está a dona da casa preocupada com o lanche da tarde sempre tem um café fresquinho,bolos e biscoitinhos e todo mundo volta para a mesa da cozinha.Que delícia de domingo!
Luciana Penido

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Como é uma primeira sessão de psicoterapia?

Para quem ainda não iniciou uma psicoterapia e não sabe como é uma primeira sessão,vou explicar um pouco sobre isso,cada psicólogo, tem uma forma, um jeito de trabalhar,segue uma "linha "e baseia-se nesses fundamentos.Normalmente a pessoa nos procurar por telefone, e esse primeiro contato é muito importante, marcamos dia e horário para a primeira sessão.Nesse segundo encontro que já é pessoalmente o cliente relata a sua queixa(o sintoma ,o problema que o fez procurar ajuda),digo sempre que temos duas queixas: a principal,”urgente”, e a segunda que são outros temas que queremos trabalhar também.È feito uma anamnese,colhe-se todos os dados que achamos importantes para aquele processo,nosso papel é de saber acolhê-los,escutar,observar realmente o que eles estão nos pedindo,que tipo de ajuda eles querem.Com esses dados já podemos começar a pensar,buscar caminhos para ajudá-los e preparar as próximas sessões. É claro que as pessoas chegam ate nós buscando uma ajuda,ninguém chega dizendo que está bem,alguns já fizeram terapia em outros momentos, outros já passaram por outros especialistas que não resolveram o problema, porque não é da alçada deles mas sim da psicologia e tem também aqueles que demonstram muita resistência e negam que precisam de terapia ou porque não querem tocar na suas "feridas"ou ainda associam psicólogos com a loucura.
Sempre pergunto para eles se realmente querem começar a terapia,e o que esperam da terapia pois é um processo que exige dedicação,compromisso,tanto deles como do profissional também.A sessão dura em torno de 50 a 60 min,no final "selamos" um contrato onde consta dia e horário dos atendimentos(sessões semanais),valor.No final também coloco algumas observações do caso,daquilo que percebi no primeiro encontro e proponho de que forma podemos trabalhar,dar início ao processo.
Luciana Penido

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O PAPEL DO PSICÓLOGO

Durante uma sessão uma cliente me disse que eu era uma “lanterna” na vida dela ,me explicou que eu estava propiciando-a novas possibilidades ,era como se eu tivesse “clareando” o caminho para ela, refletindo sobre isso realmente acredito que o significado que ela encontrou para explicar o processo terapêutico não deixa de ter sentido,nosso lugar enquanto psicólogos não é o de dar conselhos mas o de proporcionar possibilidades que eles não estejam conseguindo enxergar,apontar a direção,dizer qual é o caminho para eles não é o nosso papel mas sim ajudá-los a ver uma nova direção.Nós psicólogos somos apenas mediadores desse processo.Digo sempre a eles que durante todo o processo vamos caminhar juntos mas quem decidi a velocidade desses passos são eles,alguns dias andaremos depressa,noutros vamos mais devagar,durante o caminho normalmente deparamos com a angústia,ansiedade,desânimo... mas chegará o momentos que eles estarão preparados para andar sozinhos,não vao precisar mais de uma “lanterna” já podem seguir o seu próprio caminho .

Luciana Penido.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Esse ano eu vou mudar de vida...

Chega de ficar quebrando a cara com velhos erros de sempre.
Quero cometer erros novos, passar por apertos diferentes, experimentar situações desconhecidas, sair da rotina e do lugar comum.
Esse ano eu preciso crescer.
Chega de saber a saída e ficar parado na porta, ensaiando os passos sem nunca entrar na estrada, esperando que me venha o que eu mais preciso encontrar.
Esse ano, se eu tiver que sofrer, será por sentimentos reais – nunca mais por imaginários, preocupado com coisas que jamais acontecerão.
Chega de planejar o futuro e tropeçar no presente.
Chega de pensar demais e fazer de menos.
Chega de pensar em um jeito e fazer de outro.
Chega do corpo dizer que sim e a cabeça dizer que não.
Chega desses intermináveis conflitos que me fazem adiar para nunca a minha decisão.
Esse ano eu vou viver.

Geraldo Eustáquio de Souza

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Viagem longa, destino incerto...
Rubem Alves

Esse é o mês em que sofro mais por causa de vocês, moços. Tenho dó. Ainda nem deixaram de ser adolescentes, e já são obrigados a comprar passagens para um destino desconhecido, passagens só de ida, as de volta são difíceis, raras, há uma longa lista de espera. Alguns me contestam: afirmam saber muito bem o lugar para onde estão indo. Assim são os adolescentes: sempre têm os bolsos cheios de certezas. Só muito tarde descobrem que certezas valem menos que um tostão.Seria muito mais racional e menos doloroso que vocês fossem obrigados agora a escolher a mulher ou o marido. Hoje casamento é destino para o qual só se vende passagem de ida e volta. É muito fácil voltar ao ponto de partida e recomeçar: basta que os sentimentos e as idéias tenham mudado.Mas a viagem para a qual vocês estão comprando passagens dura cinco anos, pelo menos. E se depois de chegar lá vocês não gostarem? Nada garante...Vocês nunca estiveram lá. E se quiserem voltar? Não é como no casamento. É complicado. Leva pelo menos outros cinco anos para chegar a um outro lugar, com esse bilhete que se chama vestibular e essa ferrovia que se chama universidade. E é duro voltar atrás, começar tudo de novo. Muitos não têm coragem para isso, e passam a vida inteira num lugar que odeiam, sonhando com um outro.Em Minas, onde nasci, se diz que para se conhecer uma pessoa é preciso comer um saco de sal com ela. Os apaixonados desacreditam. Quem é acometido da febre da paixão desaprende a astúcia do pensamento, fica abobalhado, e passa a repetir as asneiras que os apaixonados têm repetido pelos séculos afora: "Ah! mãe, ele é diferente..." "Eu sei que o meu amor por ela é eterno. Sem ela eu morro..." E assim se casam, sem a paciência de comer um saco de sal. Se tivessem paciência descobririam a verdade de um outro ditado: "Por fora bela viola; por dentro pão bolorento..."Coisa muito parecida acontece com a profissão: a gente se apaixona pela bela viola, e só tarde demais, no meio do saco de sal, se dá conta do pão bolorento.O Pato Donald arranjou um emprego de porteiro, num edifício de ricos. Sentiu-se a pessoa mais importante do mundo e estufou o peito por causa do uniforme que lhe deram, cheio de botões brilhantes, fios dourados e dragonas...Acontece assim também na escolha das profissões: cada uma delas tem seus uniformes multicoloridos, seus botões brilhantes, fios dourados e dragonas. Veja, por exemplo, o fascínio do uniforme do médico. Por razões que Freud explica qualquer mãe e qualquer pai desejam ter um filho médico. Lembram-se da "Sociedade dos Poetas Mortos"? O pai do jovem ator queria, por tudo nesse mundo, que o filho fosse médico. E ele não está sozinho. O médico é uma transformação poética do herói Clint Eastwood: o pistoleiro solitário, apenas com sua coragem e o seu revólver, entra no lugar da morte, para travar batalha com ela. Como São Jorge. O médico, em suas vestes sacerdotais verdes, apenas os olhos se mostrando atrás da máscara, a mão segurando a arma, o bisturi, o sangue escorrendo do corpo do inocente, em luta solitária contra a morte. Poderá haver imagem mais bela de um herói?Todas as profissões têm seus uniformes, suas belas imagens, sua estética. Por isso nos apaixonamos e compramos o bilhete de ida... Mas a profissão não é isso. Por fora bela viola, por dentro pão bolorento...Uma amiga me contou, feliz, que uma parente querida havia passado no vestibular de engenharia. "Que engenharia?", perguntei. "Civil", ela respondeu. "Por que esta escolha?" — insisti. "É que ela gosta muito de matemática". Pensei então na bela imagem do engenheiro — régua de cálculo, compasso e prumo nas mãos, em busca do ponto de apoio onde a alavanca levantaria o mundo! "Se ela tanto ama a matemática talvez tivesse feito melhor escolha estudando matemática".Engenheiro, hoje, mexe pouco com matemática. Tudo já está definido em programas de computador. O dia a dia da maioria dos engenheiros é tomar conta de peão em canteiro de obra..."Isso vale para todas as profissões. É preciso perguntar: "Como será o meu dia a dia, enquanto como o saco de sal que não se acaba nunca?"Mas há outros destinos, outros trens. Não é verdade que o único caminho bom seja o caminho universitário. Acho que poucos jovens sequer consideram tal possibilidade. É que eles se comportam como bando de maritacas: onde vai uma vão todas. Não podem suportar a idéia de ver o "bando" partindo, enquanto ele não embarca, e fica sozinho na plataforma da estação...
Deixo aqui, como possibilidade não pensada, este poema de Walt Whitman, o poeta da "Sociedade dos Poetas Mortos":"Em nome de vocês...Que ao homem comum ensinema glória da rotina e das tarefasde cada dia e de todos os dias;que exaltem em cançõeso quanto a química e o exercícioda vida não são desprezíveis nunca,e o trabalho braçal de um e de todos— arar, capinar, cavar,plantar e enramar a árvore,as frutinhas, os legumes, as flores:que em tudo isso possa o homem verque está fazendo alguma coisa de verdade,e também toda mulherusar a serra e o marteloao comprido ou de través,cultivar vocações para a carpintaria,a alvenaria, a pintura,trabalhar de alfaiate, costureira,ama, hoteleiro, carregador,inventar coisas, coisas engenhosas,ajudar a lavar, cozinhar, arrumar,e não considerar desgraça algumadar uma mão a si próprio."Desejo a vocês uma boa viagem. Lembrem-se do dito do João: "A coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na travessia..." Se, no meio da viagem, sentirem enjôo ou não gostarem dos cenários, puxem a alavanca de emergência e caiam fora. Se, depois de chegar lá, ouvirem falar de um destino mais alegre, ponham a mochila nas costas, e procurem um outro destino. Carpe Diem!

O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 37.Dica de meu caro cunhado, Dr. Ricardo A. Bacci, paradigma de "gente".

Simplicidade- Pato Fu

Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha

Mais sincero o bom dia
Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso
Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria
Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia